Artigo histórico sobre o MEB

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MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE (MEB)

 

Programa nacional nascido da experiência com escolas radiofônicas, lançada pelo bispo Eugênio Sales em Natal em 1958. Jânio Quadros, quando presidente da República, determinou que o governo federal fornecesse recursos para a generalização desse movimento por intermédio das emissoras católicas, através de convênios com o Ministério da Educação e Cultura e outros órgãos da administração federal.

O MEB, criado pelo Decreto nº 50.370, de 21 de março de 1961, deveria executar um plano qüinqüenal (1961-1965), que previa inicialmente 15 mil escolas radiofônicas, e deveria expandir-se nos anos subseqüentes. Para cumprimento do decreto, foi assinado no mesmo dia um convênio entre o Ministério da Educação e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

As atividades do MEB tinham como unidade básica de organização o “sistema” (composto de professores, supervisores, locutores e pessoal de apoio), encarregado da preparação dos programas e sua execução através da emissora da diocese local e do contato com as classes de aula. No funcionamento das escolas radiofônicas estavam presentes os monitores, colaboradores voluntários do movimento, escolhidos na própria comunidade, treinados pelo MEB e encarregados de provocar discussões sobre o assunto da aula transmitida pelo rádio, de verificar os exercícios e estimular os alunos para o estudo. Todos estavam ligados ao sistema, que atuava em uma área geográfica determinada, podendo existir vários sistemas num mesmo estado. Em 1961 o MEB estabeleceu 11 sistemas atuando em sete estados; alguns estados, entretanto, contavam com uma equipe estadual especialmente treinada que coordenava as atividades dos diversos sistemas.

No plano nacional, o movimento era dirigido por um conselho diretor nacional (CDN) composto de nove bispos e arcebispos, entre os quais Eugênio Sales, José Vicente Távora, José Maria Pires e Avelar Brandão. Contudo, do plano nacional até o plano descentralizado local, o movimento era inteiramente organizado e administrado por leigos. A maioria dos leigos que trabalhava com o MEB vinha dos setores da Ação Católica, principalmente estudantes secundaristas e universitários, que já percebiam a possibilidade de empregar a “educação de base” como um meio para se aproximarem das classes populares, utilizando-a como um mecanismo de mobilização sociocultural e política. O objetivo do MEB não era apenas a alfabetização, mas principalmente a mobilização social ou politização, através do conceito de conscientização.

O MEB operava nas zonas mais atrasadas e subdesenvolvidas do país: Norte, Nordeste, Centro-Oeste e norte de Minas Gerais. Entretanto, em virtude do Decreto nº 52.267 do governo federal, em 1963 o MEB ampliou seu âmbito geográfico de atuação e se desdobrou em novas escolas e sistemas, a fim de atender todas as “áreas desenvolvidas do país”.

O crescimento do MEB foi muito rápido. Depois de dois anos de funcionamento, já operava 59 sistemas com quase 7.500 escolas e 180 mil alunos, utilizando 25 radiotransmissores em 15 estados, a maioria na região Nordeste. Por volta de 1966, quatrocentos mil estudantes tinham completado um ou mais cursos e 13.771 líderes tinham recebido diploma.

Progressivamente, iriam se refletir no movimento as transformações do pensamento dos cristãos no Brasil e a crise atravessada pela Juventude Universitária Católica (JUC).

Após 1964, ocorreu uma retração do MEB para algumas dioceses do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. A partir de 1971, o MEB passou a atuar em convênio com o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral).

Luís Antônio Cunhacolaboração especial

 

 

FONTES: BRUNNEAU, T. Catolicismo; MANFREDI, S. Política; PAIVA, V. Educação.

 

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