No próximo sábado, 11 de novembro, às 17h30, será realizado o Lançamento da 3ª edição da Revista MEB de Educação Popular. O evento vai reunir as lideranças do MEB de diversos estados na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF). A nova edição apresenta o tema “Educação para a cidadania ativa” e pode ser acessada através do site meb.org.br/revistameb.
Confira o Editorial da Revista MEB de Educação Popular:
Nesta 3ª edição, a Revista MEB de Educação Popular pretende dar mais um passo no percurso educativo por ela assumido, apresentando temas pertinentes aos leitores, afirmando os valores da dignidade humana, da integridade da criação, da justiça e da fraternidade universal, e comprovando a importância da educação na construção da democracia e do efetivo exercício da cidadania.
É de fundamental relevância constatar que o Brasil está distante de proporcionar a todos os brasileiros saúde, educação, cultura e lazer de qualidade, tal como afirma a Constituição Federal. Em vista disso, torna-se urgente uma atualização sobre a situação da política e social, em especial o exercício dos direitos sociais básicos no Brasil, para que se possa traçar percursos educativos comprometidos com a “Educação para a cidadania ativa”. Como atualizar os conteúdos de direitos básicos e como se dá esse ordenamento jurídico, são algumas questões colocadas no primeiro artigo desta edição da nossa Revista.
Na busca por cidadania ativa, debate-se muito assertivamente, que todos os cidadãos e cidadãs são sujeitos de cidadania. E para o pleno exercício da cidadania se requer formação básica que incentive o exercício da liderança e o compromisso com a democracia. Políticas sociais devem vir acompanhadas de iniciativas populares voltadas para a educação crítica. Este é um tema pertinente no segundo artigo.
É de conhecimento geral que na história do Brasil vivenciamos um processo de exclusão da população negra do acesso à educação formal, bem como a muitos outros direitos para o exercício pleno da cidadania. O terceiro artigo dessa edição se debruça sobre a luta do movimento negro na conquista de direitos e cidadania. A criação da Lei nº 10.639/2003, proposição do movimento negro para uma política educacional que obrigue a trabalhar a história e a cultura afro-brasileira no currículo escolar, demonstra o poder da cidadania ativa na transformação social, por meio da incidência política resistente e organizada. A construção de uma sociedade igualitária, sustentável do ponto de vista social, econômico e ambiental, é estimulada por uma educação libertadora, voltada para a consciência cidadã. Este é o tema em discussão na entrevista sobre “Cidadania universal em defesa da Casa Comum”.
A Resenha de “O mundo das Mulheres”, obra do sociólogo francês Alain Touraine, falecido em junho deste ano, é um convite a confrontar-se com uma nova visão do protagonismo das mulheres neste nosso mundo pós-moderno, cheio de contradições. As mulheres lançam as bases de uma nova cultura que vai além da longa e sofrida luta feminista. A resenha chama a atenção para o agir das mulheres no mundo global. O prêmio Nobel da Paz, concedido nestes dias a Narges Mohammadi, é mais um convite a compreender a atualidade da visão de Alain Touraine sobre a contribuição das mulheres ao nascer de uma nova cultura não violenta. “Mulher, vida e liberdade” não é somente um slogan da resistência não violenta das mulheres iranianas. É a síntese da revolução que esta nossa sociedade precisa.
A vivência dos temas pertinentes da educação popular, na prática cotidiana dos grupos e das comunidades envolvidas, gera uma riqueza imensurável de experiências, novos conhecimentos e tecnologias sociais as quais merecem ser sistematizadas e socializadas. A experiência recente do Núcleo MEB/Ceará, sistematizada por duas educadoras e aqui relatada, apresenta-se como embasamento em vista de novos projetos e novas parcerias construídas e fortalecidas ao longo do processo. Todo o esforço no campo da sistematização vale a pena, pois empodera o grupo e responde a um dos grandes desafios da constante atualização do método Ver, Julgar e Agir.
A Revista apresenta também uma série de depoimentos e testemunhos na experiência do “triálogo” entre educadores, assessores e participantes dos processos de aprendizagem, na perspectiva de uma educação em que todos falam, todos escrevem e todos aprendem. Os testemunhos apresentados em texto, como o que reflete sobre “políticas públicas e rabos de vaca”, na busca de entender na prática, o desafio da evasão escolar, seguem-se outros testemunhos em formato de vídeos em que “o dizer a própria experiência” se faz espaço de protagonismo cidadão.
No amplo espaço da cultura popular, a Revista apresenta a artesania da renda não apenas como expressão cultural, mas também uma ferramenta educacional valiosa que contribui para a preservação das identidades culturais e o desenvolvimento de habilidades práticas e criativas na troca de saberes.
Finalmente, neste ano de 2023, não poderia faltar uma homenagem ao grande companheiro, irmão e educador “mebiano”, professor Carlos Rodrigues Brandão, o andarilho da educação popular – 1940-2023. Católico, foi educador do MEB e essa militância o levou a ter forte ligação com as ideias e a pessoa de Paulo Freire, do qual se tornou amigo e colaborador. Brandão, com suas referências teóricas, o seu testemunho e a sua poesia, motiva até hoje gerações de “mebianos” e de outros movimentos de educação popular, a seguirem fiéis nos caminhos da educação transformadora e libertadora. Brandão, nos disseste que no MEB aprendeste e foste “Nós”. Hoje seguimos querendo ser “Nós”. Obrigada!
Ir. Delci Maria Franzen
Secretaria Executiva do Movimento de Educação de Base – MEB