No dia 8 de janeiro de 2023, o Brasil assistiu a um dos episódios mais sombrios de sua história recente: os ataques de terroristas da extrema direita à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Aqueles atos de vandalismo e violência, que tiveram como alvo símbolos essenciais de nossa República — o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal — foram um ataque direto à democracia brasileira, conquistada com tantas lutas e sacrifícios ao longo das décadas.
Dois anos depois, é imprescindível refletir sobre os significados desse evento e os desafios que ainda enfrentamos para consolidar nossa democracia. Esses atos não foram isolados, mas frutos de um ambiente político polarizado, alimentado por desinformação, discursos de ódio e um desprezo alarmante pelas instituições democráticas.
Diante disso, a educação popular se apresenta como um caminho essencial para fortalecer o tecido democrático da sociedade brasileira. Como ensinava Paulo Freire, “educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” A partir da educação crítica e emancipadora, é possível formar cidadãos conscientes, capazes de analisar criticamente a realidade, combater fake news e participar de maneira ativa e construtiva na vida pública.
Democracia e educação popular
No âmbito do Movimento de Educação de Base (MEB), essa tarefa é ainda mais urgente. A democracia só se efetiva plenamente quando está fundamentada na participação popular. Para isso, é preciso assegurar que todas as pessoas tenham acesso ao conhecimento e aos espaços de decisão, rompendo com as barreiras do analfabetismo, da exclusão digital e do desprezo pelas diversidades.
Recordar os trágicos eventos de 8 de janeiro não deve ser apenas um exercício de memória, mas um convite à vigilância e ao compromisso. A luta por uma democracia sólida exige esforço contínuo: fortalecer as instituições, defender os direitos humanos, promover a igualdade e educar para a liberdade.
Que os aprendizados desse momento histórico nos impulsionem a construir um Brasil mais justo, solidário e democrático. E que jamais esqueçamos que a democracia não é um estado dado, mas uma construção coletiva, que exige a dedicação diária de cada um de nós.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil